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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mentira Tucana I: Mário Kosel Filho

O e-mail
Há dias recebi um e-mail ligando o assassinato do Soldado Mário Kosel Filho à ex-ministra Dilma Rousseff. O texto do e-mail trazia uma série de inconsistências e de início nem dei tanta importância assim para as informações. Ontem resolvi digitar ao acaso o nome “Mário Kosel Filho” e “Dilma Rousseff” no Google e encontrei 62.000 resultados, a maioria validando ou simplesmente copiando o mesmo e-mail.
Os fatos
De acordo com o site da Associação dos Oficiais da Reserva do Exército do Rio de Janeiro, Mário Kosel Filho nasceu em 06 de julho de 1949 em São Paulo. Mário era filho de Mário Kosel, gerente da Fiação Campo Belo e Therezinha Vera Kosel. Mário, ou Kuka, como era conhecido, era um rapaz profundamente católico e participava do Grupo Juventude, Amor e Fraternidade, na igreja de Nossa Senhora Aparecida na Avenida Indianópolis. O símbolo da igreja era um violão, idéia de Kuka.

Serviço Militar
Aos 18 anos Kuka se alista no Exército. É designado para o IV Regimento de Infantaria, Regimento Raposo Tavares em Quitaúna.
Na noite de 26 de junho de 1968, Mário e outros recrutas estavam nas guaritas do Quartel General do II Exército. A maioria daqueles recrutas possuía apenas 6 meses de instrução e serviço militar obrigatório. Notem: apenas 6 meses! Em plena Ditadura Militar e a 6 meses do AI 5,  um dos mais importantes centros de inteligência do Exército brasileiro era protegido apenas por recrutas com 18 anos cada e 6 meses de experiência militar, uma tremenda irresponsabilidade. Devemos lembrar que o Serviço Militar aqui no país é OBRIGATÓRIO, em outras palavras, não havia muita escolha para Mário Kosel Filho, senão estar ali naquela noite.
A situação nos quartéis era de insegurança desde que os militares depuseram o presidente João Goulart em 1964. Havia muitos ataques a quartéis, alvos preferenciais das ações de guerrilha. Ainda sim, o “brilhante” Exército Brasileiro decidiu escalar um bando de recrutas novatos para proteger o QG.
O Ataque
Era uma madrugada fria e havia pouca visibilidade. Em um ataque-surpresa, um grupo de 10 guerrilheiros da VPR, ainda de acordo com o “e-mail revelador”, invadiu o quartel com uma camionete Chevrolet cheia de dinamite, com o objetivo de conseguir o maior número possível de vítimas (uma camionete com 10 guerrilheiros mais a dinamite, devia ter o tamanho de um microônibus). Oficialmente a VPR, Vanguarda Revolucionária Popular foi oficialmente criada apenas 1 ano depois do ataque (a primeira inconsistência).
O motorista da camionete bateu em um poste. Mário foi verificar se havia alguém ferido no veículo quando uma “bomba com alto poder destrutivo” (algumas versões do e-mail falam em 50 quilos de dinamite) explodiu. Mário Kosel Filho morreu vítima do ataque (não vamos esquecer dos 10 guerrilheiros + 50 quilos de dinamite em uma camionete, imaginem o tamanho de veículo para caber todo mundo).
Não cabe aqui apontar quem estava certo ou errado. A verdade é que os militares e os insurgentes choram seus mortos até os dias de hoje e clamam por justiça. Independentemente do Golpe Militar e da perda de direitos civis com os sucessivos “Atos Institucionais”, a morte daquele jovem de apenas 18 anos é lamentável!
Usar a morte de um inocente para fins eleitoreiros
O site da Associação dos Oficiais da Reserva do Exército do Rio de Janeiro conta até aqui mais ou menos a mesma história do e-mail. Porém, os militares da reserva JAMAIS citam o nome de Dilma Rousseff. No e-mail, a ex-ministra de Lula estava em um segundo carro próximo ao ataque, portanto, Dilma é diretamente responsável pela morte de Mário Kosel Filho, afirma com todas as letras o e-mail.
As incoerências
- Número 1: como já citado, a camionete + 10 integrantes + 50 quilos de dinamite, algo inconsistente até para uma Pajero dos dias atuais.
- Número 2: A revista VEJA (uma publicação que, como todos nós sabemos, não “morre de amores” nem por Lula, Dilma ou o PT) na matéria O cérebro do roubo ao cofre isenta textualmente Dilma Rousseff das operações de campo: “A Dilma era tão importante que não podia ir para a linha de frente. Ela tinha tanta informação que sua prisão colocaria em risco toda a organização. Era o cérebro da ação”, diz o ex-sargento e ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues.
- Número 3: Como afirma o Site Uol ao narrar a biografia de Dilma, a VPR, Vanguarda Popular Revolucionário, uma organização nascida da divisão da antiga VAR-Palmares, surgiu apenas em 1969, apenas 1 ano depois da morte de Mário Kosel Filho. Dilma ficou na VAR-Palmares, mais ligada a trabalhos de base. Lamarca foi para a VPR, adepta de ações de guerrilha. Em 1968 Dilma pertencia à Colina, Comando da Libertação Nacional.
O outro lado
É interessante a postura dos demotucanos em relação ao passado militante de Dilma. Mais uma vez, a oposição usa a tática do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” e esquece que alguns dos seus também participaram da luta clandestina contra a Ditadura. Entre eles:
- Fernando Gabeira (PV), o eterno amigo de Serra e sua turma e candidato ao governo do Estado do Rio de Janeiro. Durante os anos de chumbo, Gabeira participou em conjunto com o MR8 do seqüestro do embaixador estadunidense Charles Elbrick;
- Aloysio Nunes Ferreira Filho, candidato ao Senado pelo PSDB de São Paulo. Aloysio participou da luta armada e foi motorista do famoso guerrilheiro Carlos Marighella em diversas atividades clandestinas;
- José Chirico Serra – candidato à presidência da República pela coligação DEM-PSDB. Ajudou a fundar e participou da Ação Popular (AP), uma das tantas organizações clandestinas do período. Em 1966 uma bomba da AP explodiu no saguão do Aeroporto dos Guararapes, em Recife (PE). O atentado matou duas pessoas e feriu 15. Entre os mortos, Edson Régis de Carvalho, Secretário de Governo de Pernambuco na época.

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